sábado, 1 de fevereiro de 2020

Épico do Concurseiro: Infância e adolescência de um concurseiro

Vou relatar minha vida desde pequeno até os dias atuais, trata-se de um grande projeto sem cronograma nem nada planejado, apenas vou escrevendo, pouco a pouco, uma biografia resumida de minha vida até aqui. 

Evidentemente que não é uma autobiografia rica nem nada, procurando relatar pormenores e eventos importantes, relatarei apenas aquilo que for mais essencial para entender como se construiu um concurseiro. 



Anos 1997-2000

Neste período eu tinha entre 6 e 9 anos, cursava escola pública em um município de interior, morava numa casa afastada da sede do município, com meus pais e meu irmão um ano mais velho.

Naquela época eu já havia ouvido falar, mas não saberia conceituar exatamente o quê é a internet ou sequer imaginar toda a grandeza que ela gradativamente representaria em minha vida - e na de do todo mundo - nos anos seguintes.

Idade das trevas sem internet? Para um nerd apaixonado por conhecimento, talvez, mas felizmente, morei numa casa onde haviam sempre muitos livros, fora todos os quadrinhos que minha mãe comprava para mim.

Deste modo, desde pequeno eu já era acima da média em duas questões essenciais: nível de leitura e de cultura muito elevados.

Meu pai sempre alugava fitas de Vhs para ver filmes nos finais de semana, já em 2000 passou a assinar Sky, disponibilizando canais como Telecine e Cartoon para que eu absorvesse ainda mais conteúdo de mídia.

Eu tinha um videogame e fitas de games eram baratas, fora as que eu alugava aos fins de semana, me forcei a ser um gamer muito bom para conseguir zerar os games em apenas um fim de semana. 

Foi assim também com máquinas de fliperama, especialmente pinballs, me forcei a jogar muito bem para fazer as fichas renderem (rs).

Resumindo, nascia assim um nerd incurável. A receita estava toda ali. Aquele menino era um protótipo do adulto que sou hoje em pelo menos um aspecto.

Apesar da influência de minha querida mãe na busca por sempre querer insaciável conhecimento, destaco também a participação um pouco menor de  meu pai. Explico, quando eu, um garoto de 6-9 anos desconhecia determinado assunto, o mesmo ao invés de tentar entender que crianças não podem saber de tudo, simplesmente ria na minha cara e me zoava, não fazia por mal, sem dúvidas, mas desde cedo coloquei na mente que a ignorância é algo ruim.

Anos 2000-2003

Neste período, morei em cidades de maior porte, prossegui com meu estilo de vida anterior. Tentava jogar bola, mas nunca era um de meus interesses principais. Nunca fui de acompanhar futebol, alias, embora tenha praticado o esporte durante grande parte de minha vida, não conseguia me entreter assistindo jogos na TV.

Não saia muito de casa, minha mãe não considerava as cidades que moramos seguras. Meus amigos eram todos da escola e acredito ter sido nesta época que desenvolvi outro traço marcante de meu eu adulto: senso de humor. Acho que começou quando eu via os personagens de filmes que eram mais engraçados, pareciam ser mais carismáticos e decidi que seria alguém análogo a eles. Posteriormente, é claro, descobri uma voz própria, mas naquela época era compreensível que eu me deixasse influenciar por personagens mal escritos de filmes e séries.

Mas aqui aconteceu algo fundamental de minha proto carreira de concurseiro e a influência de minha mãe mais uma vez entrou em cena: ela falava muito sobre concursos e como eram boas pedidas para uma carreira de sucesso - queria eu ter ouvido com mais atenção e mais cedo -. Comprava muito o jornal especializado em concursos, o Folha dirigida. O detalhe que este jornal trazia sempre testes para concurseiros, os quais, sem ter muito o que fazer em casa, eram uma opção de entretenimento de serem realizados.

O meu espirito competitivo da época também me levou a ler mais sobre concursos no referido jornal.

Anos 2004-2005

Estava terminando o ens. fundamental neste período, o bulling já havia sido uma constante em algumas escolas em que eu havia estudado anteriormente, mas neste biênio em tela, a coisa se acentuou consideravelmente.

Olhando para o passado, noto como aqueles meus bullies eram pessoas desprezíveis e muitas vezes me zoavam por questões irrelevantes ou mesmo eu estando certo. Lembro com carinho entretanto de bons colegas de escola que tive no período, há quem diga que crianças podem ser tão más, elas podem ser muito boas também, e é disso que eu prefiro me lembrar.


Anos 2006-2008

Meus anos de ens. médio, no âmbito escolar, é aqui que o bicho pega, nos meus dois primeiros anos de ens. médio eu era humilhado quase que diariamente. Faltava muito e me tornei um figura depressiva e patética. A minha preocupação na escola não era nem os estudos, era me esconder, malditos bullies! Tiraram anos de minha vida, tiraram tanto de mim, tiraram tempo no qual eu poderia estar estudando mas estava depressivo chorando. Canalhas! Mas hoje em dia eu não me importo mais, não me interessa mais o que estejam fazendo, isso já ficou no passado, raiva não me leva a nada. Se bem que, escrevendo isso, me deu a ideia de fazer um levantamento no Facebook e ver como estão hoje em dia, material para mais posts.

Foi somente em 2008 que minha família finalmente adquiriu o computador, aí eu finalmente consegui uma fonte quase que infinita de entretenimento e informação - nos primeiros anos, bem mais de entretenimento do que de informação, tendo em vista que eu desperdiçava o potencial daquela ferramenta maravilhosa e fantástica. Não vendam o que temos aqui e agora por pouco, por um sentimento nostálgico barato, a internet é algo muitíssimo positivo nas nossas vidas. 

O ano de 2008 foi mais tranquilo, eu mudei de escola e fechei o ensino médio com dignidade, não sofria bulling e nem faltava aula.

Mas o estrago já estava feito, perdi o interesse pelos estudos e ia à escola somente para bater papo com os colegas, além disso eu era bastante arrogante nesta época, achava que por ser inteligente e por ter um nível de cultura elevado, não precisaria fazer mais nada, ledo engano.

Mas isso fica para a parte II.




2 comentários:

  1. não ficou claro, mas era escola pública no ens. médio né?
    Fui nerdão desde sempre também, e acima da média em termo de estudos, o que também gerou essa aura arrogante por um tempo.

    mas nunca joguei bola, e meus pais eram chimpas do tipo "concurso é carta marcada", "só para gênios", "tudo fraude, só pra arrecadar, no fim não chama ninguém".
    Ainda bem que a internet existe pra dar a redpill e não ficar preso a pensamentos simplistas de pais que só fizeram merda na vida uma atrás da outra, já investiguei a fundo, hoje tenho vergonha de ter aceitado muita coisa calado por tanto tempo.

    Saudades das fitinhas alugadas de super Nintendo e CD piratão do PS1 no camelô, bons tempos.
    Você ainda pegou um tempo mais antigo e com concursos mais fáceis ainda, só tive idade pra começar a prestar depois de 2012-13, mas só tive interesse mesmo a partir de 2016.
    Enfim, minha única "sorte" foi ter estudado 99% da vida em escola privada (dessas menores de bairro mesmo), o que já diminuía bastante os traumas sociais. Infelizmente a universidade (pública) me destruiu depois.

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    1. "era escola pública no ens. médio né?" Na verdade não, Petisco, estudei em um colégio privado no primeiro ano, o resto foi em escola pública, bem como td o meu ens fundamental foi em escola pública. Mas era uma colégio privado simples, não muito caro comparado a outros de minha cidade.

      Interessante seu relato sobre os pais viajando na forma de enxergar concursos.

      "Saudades das fitinhas alugadas de super Nintendo e CD piratão do PS1 no camelô, bons tempos." nem fala, hj em dia, além de não ter tempo pra jogar, não sei nem se tenho dinheiro, o preço dos games está surreal.

      Sem dúvidas o nível de dificuldade vem se acirrando drasticamente de 2016 pra cá.

      Escolas pequenas de bairro tendem a ser o ideal pruma criança ser criada, sem influência de playboys em escolas de rico ou de funkeiros em escola pública, se eu tivesse filhos e estivesse dentro do meu orçamento, optaria por uma dessas (ou até uma escola católica) mas não tenho filhos então não penso muito nisso.


      Grande abraço!

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Nobres leitores, se eu demorar a responder, é porque provavelmente tô fazendo cosplay de eremita e estudando pra concursos.

Aquila non capit muscas