segunda-feira, 26 de julho de 2021

Concursos voltando!?

Bom, após mais de 18 meses com o mundo dos concursos praticamente parado, em decorrência da pandemia, surgindo praticamente nenhum edital, finalmente a retomada parece estar, ainda que timidamente, acontecendo.

Aqui no RJ temos atualmente três ótimas oportunidades para concurseiros em inicio de carreira: Escriturário do Banco do Brasil (cerca de 3k de salário base), Assistente administrativo da UERJ (3.7k de salário base) e diversos cargos burocráticos no IFRJ - além, é claro, de um número elevado de concursos municipais, alguns com oportunidades razoáveis, inclusive, vide o da FeSaúde de Niterói.

Se o  meu palpite estiver certo - e creio que muitos analistas da área concordam comigo -, os concursos ficaram represados por muito tempo e agora retornarão com tudo, possivelmente veremos uma concentração de concursos em uma janela de poucos meses e o que estamos vendo agora é a fase inicial desse processo, com os editais já começando a pingar.

Ter isso em  mente é elementar para traçar uma estratégia de estudos agora, para este boom de concursos em tão pouco tempo.


Tenha em conta também que, no âmbito do gov. Federal, o Decreto Federal Nº 9.739 fixa em seis meses para o órgão ou a entidade publicar o edital de abertura de inscrições para realização do certame após a autorização do Ministro de Estado da Economia, o que deve reforçar ainda mais um número mais concentrado de editais.

Aliás, esse mencionado decreto regulamenta diversas questões relacionadas a concursos públicos no âmbito federal, sugiro uma lida.

Por enquanto é só.

A Era do pedantismo

Ao longo dos últimos anos, temos testemunhado um período de mudanças culturais bastante repentinas. 

Uma dessas mudanças, sobre a qual não se fala muito por aí, diz respeito a forma como a figura do individuo inteligente/ estudioso vem sendo tratada na sociedade e na cultura.

De modo que ao longo da segunda metade do século XX, pessoas inteligentes eram satirizadas e menosprezadas em nossa cultura, seja na televisão, no cinema, e  até mesmo na música popular. 

Esse menosprezo se arrastou até meados dos anos 00, embora com gradativo declínio iniciado em algum momento dos anos 90, estimulado talvez em partes pela ascensão de indivíduos como Paul Allen e seu mais famoso sócio Bill Gates - ora, o homem mais rico do mundo já não era um magnata do petróleo, como um John D. Rockefeller, mas sim alguém que fez a si e transformou o mundo através de estudo e de sua inteligência natural.

Nerds oitentistas retratados na
icônica comédia Revenge of the Nerds

Foi somente ao final da década de 00 que o termo nerd de certa forma timidamente passou a perder sua conotação singularmente pejorativa e virou em alguns meios até um elogio ou, em algumas ocasiões, uma alcunha orgulhosamente auto declarada.


Mas creio que foi mais precisamente na década de 2010 que veio a primeira guinada verdadeiramente radical. Como em muitas outras coisas, essa referida década testemunhou mudanças drásticas na sociedade e na cultura.

Desse modo, mudamos então em poucas décadas de uma sociedade majoritariamente anti intelectual (ápice talvez nos anos 80) para uma que sacraliza a inteligência, seja ela natural (como verificado, por exemplo, em testes de QI) ou adquirida através de aprendizado (que alguns autores chamam de inteligência cristalizada).

Pode-se hoje afirmar com certeza que ser inteligente é agora algo bem visto.

O que é algo positivo, não?

Não necessariamente, pois essa mudança cultural aparentemente benéfica trouxe, infelizmente, devo dizer, um presente de grego junto: o pedantismo exagerado exibido por muitos indivíduos. 

Esse pedantismo pode ser mais facilmente notado nas redes sociais, onde está mais escancaradamente a vista, mas também pode ser observado no mundo real offline.

Ora, nas redes sociais, onde aparece de forma mais exorbitante, parece que todo mundo é um especialista sobre qualquer coisa, e palpita sobre assuntos em que são na verdade leigos, fingindo domínio, acabam escrevendo ou dizendo verdadeiras bobagens que muitas vezes conduzem os demais erro e assim acabam, no fim das contas, prejudicando a sociedade como um todo.

E este mencionado pedantismo está diretamente relacionado com a mudança na visão do intelectual, todo mundo agora que ser intelectual, pois é algo bem visto, passamos, como dito anteriormente, de uma sociedade anti intelectualista para uma sociedade que é decididamente pseudo intelectualista, onde todo mundo finge ser intelectual para ser bem visto. 

As pessoas agem em interesse próprio e não tem por objetivo ser inteligentes, mas sim parecer inteligentes, o que é bem mais fácil. Por isso leem dois ou três parágrafos na Wikipedia e assistem videos de quatro minutos de youtubers adolescentes com cabelos pintados de roxo sobre quaisquer assuntos complexos para posteriormente afirmar a si e ao mundo que dominam o assunto em tela, com algumas poucas palavras rasas ou então através de repetições de clichês baratos - quem já conversou com um marxista ou um liberal dogmático deve saber do que estou falando aqui. Muitos dos parágrafos escritos por estes indivíduos nas redes sociais são como verdadeiras cortinas de fumaça verborrágicas que ao cabo e ao rabo nada dizem de verdade.

Enfim, como para se tirar vantagens dessa adoração ao intelectual basta parecer ser inteligente, o objetivo de muitos então acaba começando e terminando exatamente aí, em parecer inteligente e não necessariamente ser. E isso é feito, infelizmente, sem qualquer cerimônia ética.

domingo, 18 de julho de 2021

O tiozinho vendedor de canetas superfaturadas de porta de concurso

Bom, concursos ainda escassos, embora a pandemia esteja regredindo, PEC 32 se arrastando no Congresso sem muitas novidades... não tenho muito a escrever aqui, e como o blog está as moscas resolvi fazer uma profunda análise de um já folclórico personagem, muito conhecido dos concurseiros: o tiozinho vendedor de canetas de porta de concurso.

Sabe quando você tá la fazendo um concurso e muitas vezes tem alguém despreparado na sala que dispara atônito: "Estou sem caneta!"

O cara foi querer jogar futebol sem ter a bola em mãos. 

Ora, as vezes quem esqueceu a caneta foi você mesmo e isso nem sempre é um sinal determinante de um bucha de canhão, concurseiros experientes e profissionais acabam, por nervosismo esquecendo o mais importante.

Ou até lembram da ferramenta de escrita, mas erram a cor determinada no edital. 

Felizmente há sempre um concorrente bondoso ou um fiscal de prova prestes a salvar a pele do concurseiro descanetadado. 

O seguro morreu de velho, gosto de me garantir e levar ao menos umas três canetas, se precisar ajudar alguém, já teria ao menos uma em mãos.

Mas a ajuda dentro da sala pode não ser sempre uma garantia e, às vezes o candidato lembra que esqueceu a caneta com um lembrete visual, sim, ele, o tiozinho vendedor de canetas de porta de concurso.

Um empreendedor nato, vende canetas superfaturadas na porta dos locais de prova, fazendo assim uma graninha pra gelada do fds.

A garantia de venda de canetas sempre é boa.

Nas grandes cidades, acaba sendo desafiado pelo seu inimigo natural, as gostosas vendedoras de cursinhos preparatórios que distribuem panfletos de seus empregadores, anexados a uma barrinha de cereal e... a uma caneta extra! 

Como vivo no interior, e talvez os cursinhos locais não tenham tanto caixa assim pra essa divulgação, não vejo muitas dessas vendedoras, mas já passei por locais de provas na capital e eu mesmo já fiz uma certa vez, elas estão la, dando canetas de graça e, prejudicando sem querer o empreendimento do tiozinho vendedor de canetas superfaturadas. 

Quando era bem novo, me recordo de esperar meu pai fazer um concurso na porta de uma escola, os candidatos já tinham entrado, faltava menos de um minuto pro fechamento do portão, a rua estava vazia e somente eu e um tiozinho vendedor de canetas estávamos la, quando de repente um retardatário dobra a esquina, suado, correndo, vê o tiozinho, precisa comprar uma caneta, pergunta o preço, o tiozinho cobra três vezes mais, o candidato atrasado faz cara de irritado, mas compra mesmo assim, oferta e demanda na prática, o tiozinho enfiou a mão do bolso do rapaz, e o cara ainda teve que agradecer. O portão então se fecha, nosso herói recolhe seus produtos e vai para casa verificando não haver mais ali possibilidade de lucro.


E você, tem estórias envolvendo este tipo de vendedor de porta de concursos? Não deixe de registrá-la nos comentários, abraços!


Aquila non capit muscas