sexta-feira, 2 de junho de 2017

Lógica curricular: Setor Público vs Setor Privado


Desnecessário dizer, mas o farei mesmo assim, que a lógica de uma carreira profissional no setor público possui demasiadas peculiaridades não encontradas no setor privado.

Deste modo, se você pretender ter sucesso em sua jornada no setor público deve desde já adotar estratégias diversas daquelas utilizadas para se tornar um bom profissional no setor privado. Imagino que isso seja difícil para muitos leitores de "Carreira de concurseiro" que ainda não se libertaram das amarras do setor privado e portanto, acabam tendo que ficar reféns de uma lógica profissional que não se aplica ao setor público.

Amigo leitor, se você por um acaso pretende ser um bom profissional e construir uma carreira no setor privado, saiba que respeito isso, mas devo sublinhar que de minha perspectiva você está dançando a música errada. Fora se formar em medicina, a música que toca na sociedade brasileira de hoje e de ontem é única: trabalhar no setor público. Confesso que eu mesmo já fui um ingênuo sonhador, acreditava que o setor privado brasileiro se pautava na competitividade intelectual, ledo engano, sorte a minha que comecei a me interessar por concursos públicos la pelos meus 23 anos. Hoje tenho 25 e apesar de não estar bem, creio friamente que estou melhor do que estaria se tivesse tentado a sorte no setor privado.

E se um dia você quer ganhar um salário de marajá no setor público, deve seguir alguns preceitos de enriquecimento curricular um tanto divergentes do que seria adequado se sua opção fosse uma carreira de sucesso no setor privado brasileiro.

Vejamos um ponto chave para exemplificar o que quero dizer:

Formação acadêmica


Se sua cabeça ainda funciona na lógica de moldar um ótimo currículo profissional, deve achar que cursar determinado curso superior na Universidade Federal do Rio de Janeiro é melhor do que cursar o mesmo  curso numa uniesquina. Sim, eu sei, o curso da Uniesquina é pago, o da Federal não, mas vamos desconsiderar este fator por um instante. 

Qual a diferença na hora de fazer concurso público se o seu canudo é da Uniesquina ou da Federal? Nenhuma. Ao ler editais de concursos você encontrará redações como:

CARGO: Assessor de Comunicação Social 
REQUISITOS ESPECÍFICOS MÍNIMOS: Curso de Nível Superior em Comunicação Social
Ou seja, em nenhum momento os editais estabelecerão - até porque seriam inconstitucionais se o fizessem - que seu diploma tem de ser de uma faculdade federal.

No que tange a cursos de pós-graduação, mais uma vez, muitos editais, principalmente na área acadêmica, concedem pontos consideráveis a quem tem especialização, mestrado e doutorado. Independente do diploma ser de Uniesquina ou de Federal.

Após o concurso, já trabalhando, muitos cargos públicos concedem gratificações consideráveis a quem tem formação além daquela minima exigida para o cargo. Ou seja, se você tem doutorado e é assistente administrativo numa Universidade federal por exemplo, expandirá bastante o seu salário. Mais uma vez, fod*-se se o curso é federal ou uniesquineiro.

Eu mesmo tenho uma especialização em uma área que não me interessa, mas não há problema, somente quero o diploma para ganhar pontos em futuros concursos, bem como ganhar gratificações, já estando trabalhando. Ano que vem pretendo começar um mestrado em uma área que odeio pela mesma razão.

Se você ainda não iniciou um curso superior, mas pretende fazê-lo para aprimorar suas opções de concurseiro, recomendo dois caminhos possíveis:
  1. Cursar bacharelado em direito: Uma tecla que bati diversas vezes por aqui em "Carreira de concurseiro", afinal, direito é o curso onde encontramos as mais numerosas e algumas das melhores oportunidades em concursos públicos, além de ser uma das matérias mais basilares nos mesmos.
  2. Um curso tecnólogo: Tecnólogo em que? Tanto faz, faça o que for mais acessível pra você. Se não me engano alguns cursos tecnólogos em faculdades particulares não durão mais do que dois anos. Mas e se depois de formado não encontrar nada na área? Não há problema, em sua carreira de concurseiro você muitas vezes se deparará com cargos cuja exigência minima é algo como: "Curso de Nível Superior em qualquer área de formação". Trata-se de uma solução rápida pra você que ainda não tem nível superior mas já pretende fazer concursos para tal, que além de tudo são bem menos quantitativamente concorrido que os de nível fundamental e médio.
E quanto a educação básica: Devo estudar em escolar particular ou pública? 

Me deixem em paz! Eu tenho que ilustrar o post!
Bom, creio que muitos dos leitores deste texto já tenham passado pelo ens. fundamental e médio. Mas muitos tem ou virão a ter filhos, então eu recomendaria estudar em escola pública.

Os números do Enem ou de outros indicadores não mentem, a qualidade nas aulas nas escolas particulares é melhor, porém estudar escolas públicas tem uma vantagem, além da financeira é claro.

Afinal, se você quer seguir a lógica deste texto e cursar determinado curso superior em uma faculdade particular, que por alguma razão é mais acessível para você do que uma pública - é mais perto de sua casa, por exemplo. Saiba que o papai governo federal pode bancar sua formação, mas somente se você concluiu todo o ensino médio em escolar pública!

Além disso, do jeito que a coisa anda e com os malucos da esquerda dominando a cultura brasileira - Lula vem aí - não demora muito para ter estudado escola pública te proporcionar alguma cota em concurso público.

Ta, acho até que não há problemas em cursar o ens. fundamental em escolar particular.



Agora, o ensino médio? As aulas de uma escola pública são sim uma merd*, mas você tem internet para que? O adolescente de hoje pode acessar o xvideos estudar o que bem entender com um computador na mão. Não há nada que uma boa orientação parental com auxilio do Google na tarefa de educar não resolva. A menos que você/ seu filho seja um idiota, aí amigo, não tem nem Google nem escola particular que resolva.

P.S.: Ao longo de minha argumentação desconsiderei que em uma escola pública seu filho pode ter maior contato com elementos culturais degradantes - funk carioca - e más companhias, em contrapartida, nas escolas privadas pode ter contato com patricinhas e playboys, então, acho que fica tudo elas por elas, embora casos específicos devam ser analisados separadamente. 

Aquila non capit muscas