quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Público vs Privado: NASA vs Spacex



Não há dúvidas que ao longo das últimas décadas a NASA fez grandes avanços do ponto de vista científico, mas tal agência precisa seriamente verificar a viabilidade financeira de seu programa espacial, bem como a estagnação oriunda do excesso burocrático típico do setor público.

Para mim a NASA é um estudo de caso, o que acontece quando o poder público tenta gerir um programa espacial: o processo é lento, há muita influência política e os empregados estão bem mais preocupados com o status quo de seus trabalhos do que com inovar.

A Nasa se perdeu, tendo se tornado completamente avessa ao risco e vivendo de suas glórias do passado, com destaque  é claro para o programa Apolo, que levou o homem a Lua em algumas ocasiões.

Mas eles simplesmente não podem competir com o setor privado, representado pela SpaceX - não, não é uma marca de camisinha vagabunda - a empresa do bilionário Elon Musk, que está desenvolvendo tecnologia muito mais barata e apostando em foguetes reutilizáveis, afinal, um empresa privada não pode se dar ao luxo de gastar desnecessariamente, portanto busca meios mais baratos de produzir, o que se tratando de uma área tão cara quanto a exploração espacial é algo essencial para o sucesso.


Vamos a algumas comparações básicas: enquanto o foguete Falcon Heavy, desenvolvido pela SpaceX e reutilizável, custa menos de 100 milhões para ser lançado, o modelo de foguete utilizado pela NASA requer 1 bilhão de dólares para ser lançado ao espaço, neste momento devo apontar que o orçamento anual da NASA é de 18 bilhões, ou seja, apenas um lançamento de foguete já torra 1/18 do orçamento.

Lembra um pouco outro caso de ineficiência recente promovido pela nasa, no que diz respeito ao desenvolvimento da estação espacial internacional, na época de seu projeto fora recomendado apenas um ou dois lançamentos para criar a estação. Ainda assim a agência espacial americana preferiu optar por uma séria de lançamentos ao longo de anos, o motivo? Manter a área de lançamentos ocupada e, claro, o emprego de muitas pessoas, gastando assim o dinheiro do contribuinte estadunidense. A ideia não é ser mais econômico e efetivo, como na Spacex, mas sim criar e manter o maior número de postos de trabalho, uma dinâmica que tipicamente verificamos nas empresas estatais brasileiras.

Resumo da ópera, a agência espacial americana não tem feito mais do que gastar somas astronômicas de dinheiro do contribuinte dos EUA enquanto desenvolve projetos muitas vezes sem valor científico.

A sacralização do ensino superior no Brasil


De cara já começo alertando que este aqui é um assunto extenso e que muito possivelmente voltarei a ele em outros posts, afinal este tópico não pode ser esgotado em único texto curto.

Dito isso...

Me recordo que há alguns anos estava conversando com um colega de faculdade, um tipico estudante de licenciatura, sem muitas pretensões financeiras, ansioso pra passar a vida lecionando na educação básica para alunos que não querem aprender enquanto reclama que os docentes brasileiros deveriam ser mais bem remunerados, sabe, você deve conhecer alguém assim, figurinha cliché.

Pois bem, em algum momento a nossa conversa de bar adentrou no tópico da regulamentação da profissão de historiador, que naquela época ainda não possuía lei regulamentadora, e na verdade ainda não tem.

Este meu amigo defendia arduamente que caso uma lei regulamentando tal profissão fosse redigida, esta deveria restringir o exercício da função para formados em História, entendo tal posição, afinal o corporativismo de um futuro formado na área bateu forte no peito de meu amigo.

Discordo que só os historiadores de formação possuem capacidade para trabalhar na área, bem como perderíamos muita produção por tal restrição desnecessária, pois creio que nem todas as profissões, a maioria talvez, possam ser exercidas por profissionais de qualidade, ainda que não detentores de diploma na área.

Acredito que se um individuo possui habilidades natas com escrita e pesquisa, por exemplo, ele pode ser um ótimo jornalista, ainda que sem o diploma.


O que a exigência do diploma acaba ocasionando é o fato de que um grande profissional pode ser preterido por um imbecil pelo único fato da detenção ou não de um diploma de nível superior, muitas vezes conquistado em uma Uniesquina...

Veja a lei que regulamenta a profissão de turismólogo, por exemplo, de cara temos um artigo que fora muito sabiamente vetado. Tal artigo vetado estabelecia o seguinte:

“Art. 1o  A profissão de Turismólogo será exercida:
I - pelos diplomados em curso superior de Bacharelado em Turismo, ou em Hotelaria, ministrados por estabelecimentos de ensino superior, oficiais ou reconhecidos em todo o território nacional;
II - pelos diplomados em curso similar ministrado por estabelecimentos equivalentes no exterior, após a revalidação do diploma, de acordo com a legislação em vigor;
III - por aqueles que, embora não diplomados nos termos dos incisos I e II, venham exercendo, até a data da publicação desta Lei, as atividades de Turismólogo, elencadas no art. 2o, comprovada e ininterruptamente há, pelo menos, cinco anos.”
Detalhe que pelo texto do artigo, ainda seriam impossibilitados de exercer a profissão os licenciados e tecnólogos da área, o que seria outro atraso. Pois bem a justificativa para o veto é muito pertinente: “A Constituição, em seu art. 5o, inciso XIII, assegura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, cabendo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de ocorrer algum dano à sociedade.” 


Desta forma, pergunto, creio que ninguém negará que diplomas de medicina, odontologia e engenharia, por exemplo são indispensáveis para o exercício de tais profissões, entretanto, há mesmo necessidade de se exigir diploma de nível superior para o exercício profissional em  áreas como História, Jornalismo, turismo e tantas outras?


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Temer decepcionou

Post rápido e rasteiro.

Quando primeiro ouvi falar em impeachment de Dilma Roussef fui contra, isso porque imaginei que trocaríamos seis por meia dúzia com a entrada do vide. Entretanto, no período de interinidade de Temer, minha opinião mudou e passei a apoiar que este assumisse a chefia do executivo definitivamente, até porque seria uma solução mais pragmática e que portanto não deixaria o cenário mais incerto do que já estava no caso de convocações de novas eleições.

Engraçado hoje pensar o quanto eu estava empolgado com a gestão Temer durante seu período de interinidade, afinal, o mesmo implementou diversas medidas interessantes para a economia e a sociedade, inclusive no âmbito da gestão pública.

Para ficar em alguns exemplos, cito a chamada lei de responsabilidade de gestão nas estatais, sancionada por Temer, a qual restringe a atuação de indicados políticos nos quadros de chefia de estatais; o pente fino passado no âmbito do bolsa família, visando identificar irregularidades etc.

A reforma na previdência era uma grande promessa deste governo, mas pelo andar da carruagem parece cada vez mais improvável que aconteça.

De uma gestão razoável nos primeiros meses, Temer foi ladeira abaixo na eficiência, chegando a ser quase tão ruim quanto a inútil Dilma Roussef. Digamos que se Dilma fez um governo nota 1/10, Temer deve ser somente razoavelmente melhor, algo como uma nota 2/10.



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Alguns de meus amigos não concurseiros (e fracassados) - parte 1

Ta, se dedicar a conquistar uma vaga no setor publico brasileiro é uma ótima opção de se obter sucesso financeiro em nosso país, mas é claro que não é a única. Claro também que você não ficará rico com concursos, então é bom aliar o seu rendimento com outros investimentos ou mesmo (se tiver estômago para fazer isso no Brasil) empreendendo. 

Como bom viciado em dinheiro que sou, por vezes gosto de observar as estratégias traçadas por outros conhecidos meus na busca por ter - pelo menos - estabilidade financeira.

Mas a impressão que tenho é que a maioria nem está tentando vencer na vida, ou talvez eu é que tenha escolhido mal as amizades, (rs). De todo modo gostaria de narrar alguns estudos de caso sobre a atual situação de vida de outros amigos, volto aqui em um ano ou mais e atualizo o post com o que mudou na vida deles - se algo mudar. 

Eu já falei um pouco sobre um amigo meu em "Uma breve história de Peter Pan Gordão", nestes aqui serei mais breve.

Bora la.


Playboy maconheiro
Idade: 20 anos
Ocupação atual: Nenhuma

Playboy maconheiro é um dos meus maiores amigos de bebedeira, se interessa por muitos assuntos em comum comigo, como cinema estadunidense, politica e o bom e velho rock and roll.

Infelizmente ele passa por uma síndrome bastante comum entre muitos homens que eu conheço que é ficar choramingando por "não conhecer uma moça legal que queira namorar com ele". Pessoalmente acho extraordinário como playboy maconheiro acredita firmemente que isso é um problema real, enquanto eu to aqui, só querendo saber de ganhar dinheiro e ter saúde pra ganhar mais dinheiro.

No mais, atualmente playboy maconheiro está com uma faculdade de direito particular trancada no segundo período, seu pai, um funcionário publico do alto escalão que deve ganhar chutando baixo uns 30 mil mensais, aluga uma casa de 1,5 mil por mês para playboy maconheiro morar sozinho, tendo em vista que playboy maconheiro e sua madrasta ninfeta loira gostosinha não se suportam. Fora o aluguel, repassa uma mesada de cerca de 1,5 mil a playboy maconheiro, que magicamente transforma tudo em comida, maconha e cerveja.

Desta forma, playboy maconheiro passa a tarde toda dedicando seu tempo a extraordinária arte de fumar maconha e jogar videogame o dia inteiro e sair para beber a noite quase todos os dias.


Garçom tapado
Idade: 23 anos
Ocupação atual: Bicos de garçom em botecos

Garçom tapado é possivelmente uma das pessoas mais idiotas que eu conheço, além de ser um imbecil completo, sua educação formal também não é grande coisa, tendo em vista que sequer terminou o ensino fundamental e parece se orgulhar disso, já que frequentemente cita casos de pessoas que ficaram milionárias sem terminar o ensino médio (ou high school nos EUA), tentando justificar assim que educação formal é algo inútil.

Ele mora com os pais e para fazer uma graninha trabalha frequentemente fazendo bicos como garçom, reclama muito de como estes bicos são exaustivos, mas parece não buscar sair de sua situação atual - bem como é exigente pra alguém com um currículo tão bosta. Parece viciado em causar um certo desconforto em mim buscando desdenhar que eu não pego muita mulher enquanto ele (em sua cabeça) é muito habilidoso conquistando namoradinhas, isso parece trazer um senso de sucesso para ele, ainda que seja um fracassado financeiramente falando. Mas a verdade é que por ele ser o que os meus colegas da finansfeira chamariam de alpha físico, não possui dificuldade em pegar umas gostosinhas de 18-25 anos. desnecessário dizer que se garçom tapado não mudar, a situação de facilidade dele com as damas deve mudar dentro de alguns poucos anos.

O que garçom tapado poderia fazer para mudar sua situação profissional? Bom, por certo, concursos públicos definitivamente não são uma opção para ele que não conseguiria se sair bem com sua inteligencia limitada, além do que, o fato de sequer ter o ens. fundamental já o impede, de cara, de fazer pelo menos uns 95% dos concursos públicos (e 100% dos bons concursos públicos). Garçom tapado tem um árduo caminho, ainda que não impossível, para sair da situação em que se encontra.



O domador de Baleias
Idade: 25 anos
Ocupação atual: Caixa de supermercado

Domador de baleias é um cara bastante trabalhador, sempre trabalhou em subempregos desde os 15 anos. E demonstra esforço, embora tenha tido uma educação limitada (pelo menos concluiu o ens. médio, mas nunca fez faculdade). Com muito esforço, economizando arduamente ao mês, sendo estuprado por seu empregador e trabalhando de segunda a sábado, poderia juntar uma grana bastante devagar para investir, ou mesmo estudar para concursos públicos, já que é um cara um tanto inteligente. Poderia, se não tivesse cometido um erro que causa vergonha alheia.

O referido casou com uma trintona que tem um filho de sete anos e atualmente mora com ela em um quitinete alugado a 450R$ mensais. 

O detalhe, me chamem de machista, preconceituoso, o kct a quatro, é que a esposa do rapaz é obesa e nem um pouco atrativa. Ok, é a esposa dele, não a minha, ele deve ter se atraído por ela de algum modo.. O fato é que com este casamento, domador de baleias entrou em uma situação ainda mais difícil que o próprio garçom tapado e, infelizmente, não vejo muito futuro para o senhor domador de baleias. Afinal, o salário de sua esposa também não é grande coisa e embora o aluguel rachado certamente seja vantajoso para ambos, domador de baleias estaria melhor se ainda estivesse morando com os pais.


Moby dick!!

Bom, por enquanto são só estes três de que quero falar, outra hora falo de outros conhecidos meus, não que eu tenha apenas amigos fracassados, mas são sobre estes que quero falar por enquanto. 

Alguns dos melhores cérebros deste país estão fazendo concursos públicos?

'If you are born poor its not your mistake, But if you die poor its your mistake.'
- Se você nasce pobre não é erro seu, mas se você morre pobre é seu erro. - Bill Gates
(Pode colocar a tradução porca na minha conta).

Alguns dos melhores cérebros deste país estão fazendo concursos públicos? Para responder de forma rápida e rasteira eu diria que sim. O que é um tanto preocupante.

Digamos, se Bill Gates, o fundador da Microsoft e atual segundo homem mais rico do mundo, tivesse nascido no Brasil ele teria obtido a possibilidade de fundar a sua marca de sucesso  ou seria atualmente um servidor público federal em fim de carreira prestes a se aposentar com uma aposentadoria gorda? Difícil imaginar este cenário, mas eu diria que a primeira opção seja algo pouco provável de ocorrer neste inferno tropical.

Isso porque um dos poucos caminhos, evidentemente que não o único, para se obter sucesso financeiro no Brasil é seguir a carreira pública. Ao passo que em países como EUA, por exemplo, os jovens podem encontrar terreno fértil para produzir algo útil para a humanidade, por aqui os melhores cérebros acabam encontrando no setor público uma das poucas possibilidades de sucesso financeiro, e, convenhamos, sucesso financeiro é o principal motor motivador do individuo em meio a uma sociedade capitalista avançada.

Algo que é definitivamente muito preocupante e ao mesmo tempo desapontador de se notar, afinal, temos a quinta maior população do mundo, quantos Elon Musk não perdemos por não criar as condições necessárias ao desenvolvimento destes?

Estou dizendo que algumas das melhores cabeças deste inferno tropical escolhem trabalhar para o Estado, ao invés de criar algo que seja realmente relevante para a humanidade. Isso, senhores, é bastante preocupante.

Como mudar está situação? Maiores oportunidades no setor privado e desinchar o Estado são as soluções mais pragmáticas.


Mas, por enquanto, nada de novo no front, os salários no setor público continuam bastante atrativos, e os jovens brilhantes continuam, em sua maioria, caminhando para o serviço público federal.

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O post acima ficou muito menor do que eu desejava, isso porque em um momento de grande descuido acabei acidentalmente excluindo dos rascunhos aqui de "Carreira de Concurseiro" um post que eu havia escrito há alguns meses, porém ainda não havia publicado por alguma razão, desta forma resolvi sintetizar as principais ideias do mesmo nesta curta versão.

Infelizmente o Blogspot não disponibiliza a chance de recuperar posts excluídos. Um alerta aos amigos blogueiros distraídos.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Efeito Dunning-Kruger e concursos públicos




"A fool thinks himself to be wise, but a wise man knows himself to be a fool."

"Um tolo acha que ele é sábio, mas o homem sábio sabe que é um tolo."
William Shakespeare





O que é o efeito Efeito Dunning-Kruger?

Para você que não sabe, de forma breve podemos definir o Efeito Dunning-Kruger como um viés cognitivo em que as pessoas de baixa capacidade intelectual possuem tendencia a superioridade ilusória, avaliando erroneamente sua habilidade cognitiva como maior do que realmente é. O viés cognitivo da superioridade ilusória deriva da incapacidade de pessoas de baixa habilidade em reconhecerem a sua própria inépcia; sem a autoconsciência de possuírem conhecimento limitado sobre determinado campo do conhecimento, as pessoas de baixa habilidade não podem avaliar objetivamente sua competência ou incompetência real.

Por outro lado, indivíduos altamente competentes subestimam o seu conhecimento e portanto podem presumir erroneamente que as tarefas fáceis de executar também são fáceis para pessoas leigas realizarem ou que outras pessoas terão uma compreensão semelhante de assuntos que eles próprios estão bem versados.

O nome é oriundo daqueles que primeiro estudaram o fenômeno, ainda na década de 1990, David Dunning e Justin Kruger.

O gráfico a seguir ilustra bem a situação:






Efeito Dunning-Kruger e concursos públicos

Você pode verificar o efeito Dunning-Kruger no cotidiano em qualquer área do conhecimento - sugiro o Facebook, terreno mais fértil para isso -, no âmbito dos concursos públicos, diria que essa síndrome de desconhecimento da própria incompetência acomete mais e em maior intensidade os concurseiros mais inexperientes. Aqueles que dizem algo como "ah, mas este concurso é de ensino médio, deve ser fácil".

Geralmente e felizmente o choque de realidade é dado na primeira prova competitiva - ou seja, praticamente qualquer prova que não seja pra ganhar salário baixo no poder executivo municipal -. Infelizmente, em alguns casos, o efeito pode persistir, o candidato continua tentando e apanhando sem se dar conta de sua própria inaptidão na área concurseira e insistindo em não se preparar, achando que já possui conhecimento suficiente para o sucesso no certame.

É como naquele já clássico artigo da desciclopédia:

"Tava fácil..."
ô Coitado 

"Até que tava bom..." 
O medíocre - mediano

"Foi boa a prova, vamos esperar o resultado."
O possível aprovado 

"..."
O aprovado 


Aquila non capit muscas