quarta-feira, 30 de março de 2022

Ser puxa-saco ou trabalhar?

Puxar saco ou trabalhar duro, o que pode te fazer alçar maiores voos no ambiente de trabalho?

Bom, não vou linkar aqui, mas num breve google você encontrará estudos sobre o assunto que dizem que funcionários que se esforçam bajulando seus chefes são mais propensos a promoções, relaxar e a ser rudes com os outros.

Mas não precisamos de estudo, não é mesmo? Se você já tem uns anos nas costas de labuta, já deve ter notado isso ao longo de sua carreira profissional.

É diferente no setor público? Acho até que é pior, especialmente na esfera municipal onde políticos e suas politicagens comem soltos. 

Se puxar saco é mais vantajosos, então por que nem todo mundo faz isso? Ora, a resposta é encontrada num fator chave: ética de trabalho. Embora todos possamos fazer um trabalho medíocre e gastar mais energia puxando o saco, muitos de nos são impedidos de fazer issso por razões pessoais, calcadas em ser moral. 

Eu costumava ficar irritado com os puxa sacos e, com o tempo, percebi que eles são alimentados por uma insegurança profundamente enraizada. Afinal, se alguém estivesse realmente confiante em si mesmo, não teria que compensar com bajulação. A verdadeira pessoa confiante trabalha em silêncio e com humilde e só tem espaço para competir com a versão anterior de si mesma.



domingo, 27 de março de 2022

A obsessão do brasileiro médio com o mendigo "transudo"

É o assunto da vez, o mendigo "transudo", um simples caso de adultério foi elevado a centésima potencia por envolver um morador de rua na história. A mulher traí o marido rico e atraente com um mendigo. 

Eu também não escapei desta "notícia", não havia como, todos só falam nisso.

Um primo meu disse que ao entrar no xvideos outro dia, viu o vídeo do marido personal trainer espancando o mendigo na homepage do site que deveria ser focado em saudável entretenimento pornográfico.

A produção de memes disparou e o caso recebeu importância muitíssimo além do que deveria.

Já se fala em um mendigo deputado federal: Mendigo espancado por personal é convidado por 4 partidos a se candidatar. As chances de vitória nas urnas são grandes.

Parece uma piada de mau gosto, mas é apenas o Brasil.

Por que isso? Por que o brasileiro médio está obcecado com uma história tão trivial?

O Brasil é um país continental de duas centenas de milhões de pessoas. Em qualquer população tão grande, sempre haverá muitas pessoas que dizem e fazem coisas tolas e ridículas. Há cem anos, quando os cidadãos recebiam informações principalmente de jornais locais e fofocas pessoais, as expressões de estupidez ou extremismo político tendiam a permanecer... locais. Em meados do século XX, a imprensa evoluiu seu alcança para patamares nacionais, com rádio regional, notícias de TV nacional, notícias de jornais de sindicados e revistas semanais com um público leitor em todo o país, permitindo que declarações ou ações idiotas atingissem rapidamente um público mais amplo. Como o povão tende a gostar de histórias sensacionalistas, elas costumam ser populares. 

Nos dias de hoje, com notícias 24 horas por dia, 7 dias por semana, centenas de jornais e revistas com sites constantemente atualizados e o Facebook como ponto de encontro, fonte de amplificação para aqueles que trabalham para todos esses veículos, temos um dinâmica diferente. Atender ao desejo de histórias ultrajantes é uma maneira de gerar o público necessário para ganhar dinheiro online. Assim, os meios de comunicação têm um incentivo para destacar a declaração mais tola, mais estúpida, mais ridícula e extrema que puderem encontrar e dar atenção a ela – assim como autores, escritores, jornalistas, ativistas e pessoas que simplesmente desejam atenção têm um incentivo para dizer essas coisas para chamar a atenção para si.

Enquanto o pão e o circo rolam, a Economia, a Ucrânia e demais notícias de menor potencial atrativo são ofuscadas pelo mendigo "transudo".


Aquila non capit muscas