terça-feira, 18 de setembro de 2018

Por que ninguém romantiza cargos burocráticos em repartições públicas?

Quem me conhece fora do blog sabe que sou um grande consumidor de cultura besteirol, principalmente filmes produzidos nos EUA. Interessante notar o poder de influencia que este tipo de produto cultural pode ter em nossas ações e em nosso modo de pensar, principalmente para quem vive numa bolha calcada em normalidade e não possui muita percepção critica sobre o mundo a sua volta.

Por exemplo:

Romances monogâmicos: Não são exclusividade nas narrativas cinematográficas comerciais de hoje, pois marcam presença forte na literatura desde sempre. Já repararam como em absolutamente todo filme, da comédia besteirol até aquele dramalhãozinho meia boca indicado ao Oscar quase que todo personagem masculino, do nerd idiota ao galã imbecil, possui um interesse romântico e quase que sempre termina o filme com o seu respectivo par!?

E os personagens solteiros, estes nunca são os mais dignos por assim dizer, geralmente estão relacionados a promiscuidade excessiva ou, o que é pior, a melancolia destrutiva.

O que isso ensina aos mais jovens? Se você está solteiro ou você é a encarnação do próprio Caligula, ou você é um miserável infeliz.

Você não pode viver sua vida dignamente e praticar seu sexo casual vez ou outra. Não, esse conceito é incompreendido pelos roteiristas de Hollywood. 

Dito isso, chego onde eu queria chegar, afinal isso é ou não um blog sobre concursos e funcionalismo público!? (Risos).

Já repararam como na narrativa cinematográfica mais tradicional algumas profissões, especialmente aquelas relacionadas a arte, são extremamente romantizadas enquanto outras como cargos burocráticos em repartições públicas estão associadas a infelicidade e a impossibilidade de encontrar prazer e sentimento de bem estar no trabalho.

Não me levem mal, nada contra músicos, cineastas, escritores e afins, o mundo precisa deles, como precisa também de garis, auxiliares administrativos, telefonistas e afins.

PaperWork não é o fim do mundo

Isso é muito tóxico de se passar para os mais jovens, que entram numa onda de depressão se não conseguem uma profissão cool em detrimento de qualquer outra vista como chata.

Meu trabalho cheira café e papelada velha. Não vendo poesias no sinal para comprar a gelada do fim da tarde, mas até que eu gosto.



Desabafo de um Astronauta Desempregado. 

Aquila non capit muscas