sábado, 16 de junho de 2018

A era dos memes e a infantilização da opinião pública


As charges correspondem a uma importante ferramenta de crítica política calcada no humor. Suas origens remontam a Europa do século XVIII - a imagem que abre o texto é do início do século XIX. 

Geralmente são pautadas numa mensagem rápida, expressa em um desenho que, na maioria das vezes, exige um conhecimento prévio do expectador para serem totalmente compreendidas.

Sem dúvidas são uma ferramenta de crítica importante, não obstante marcam presença garantida em qualquer jornal que você comprar, há espaços dedicados às mesmas. Agora imagine que você resolva comprar um jornal e ao invés de encontrar todo o conteúdo esperado você se depare apenas com charges. Situação difícil de imaginar, não é mesmo? Charges sozinhas não possuem muita utilidade.

Um jornal formado integralmente por charges seria portanto uma situação absurda, entretanto, não é algo assim que vemos na Era das redes sociais? Memes politicos aliados a muitos fake news não proliferam neste referido meio ofuscando um debate mais profundo?

Não me levem a mal, eu não desgosto de memes, assim como as charges eles podem ser adaptados como ferramenta de crítica. O problema é quando dominam o debate, infantilizando questionamentos importantes relacionados a política, a sociedade, a economia etc.

Bem vindo a Era dos memes, aqui o debate é nivelado por baixo, respostas simples são dadas a problemas complexos e a dialética é construída por meio da troca de memes.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Recomendação de documentário: I Want Your Money (2010)

Essa dica vai para os liberais de plantão.

Sem titulo no Brasil, o documentário de 2010 intitulado "I Want Your Money" traça um paralelo entre dois modelos de gestão governamental necessariamente antagônicos, um demarcado pelo alto intervencionismo e paternalismo estatal e consequentemente necessidade de altos impostos, o outro, melhor desenvolvido durante a passagem de Ronald Reagan pela Casa Branca (1981-1988) o qual é demarcado pela diminuição do tamanho do Estado e consequentemente diminuição dos tributos cobrados.


Assisti o filme inteiro no site vimeo através deste link (está com áudio original em inglês, sem legendas).

Um dos pontos fortes do documentário é um rápido apanhado geral da História das politicas econômicas perpetradas por diferentes gestões no governo federal, começando pela gestão de Frank Delano Roosevelt, na década de 1930.

Essa é a função da História, nos ensinar o que deu errado e o que deu certo para não cairmos nos mesmos erros. O modelo de gestão de Reagan sem dúvidas faria muito bem ao estado brasileiro, mas precisaríamos de uma verdadeira revolução para implementá-lo por aqui.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Bolsonaro e Trump não falam polissílabos

O título é uma provocação, é claro que os referidos politicos utilizam palavras polissílabas.

Pois bem...

Claro que o Brasil não é os Estados Unidos, mas há muitos pontos em comum nos dois países: ambos são nações de extensões geográficas continentais e possuem ampla população, bem como possuem sistema educacional bastante falho, o que pode favorecer a ascensão de abitolados no âmbito politico.

Nesse ponto é interessante comparar o improvável presidente eleitos dos EUA, Donald Trump com o mais provável candidato a assumir a presidência brasileira em 2019, Jair Bolsonaro.

Vejamos o que diz o abstract de um estudo a respeito dos discursos trumpistas:

A análise revelou que um nível de educação de quarta a quinta série (de 9 a 11 anos) é necessário para entender a linguagem de Trump. No total, 10 entrevistas adicionais e debates de outros candidatos nas eleições presidenciais de 2016, tanto do Partido Republicano quanto do Partido Democrata, foram analisados, usando as mesmas fórmulas de legibilidade, a fim de lançar luz adicional sobre os resultados de Trump. Esta análise mostrou que a pontuação média de todos os outros candidatos estava em um nível do nono ano (14 a 15 anos de idade). Além disso, o estudo revela que as sentenças e palavras de Trump eram significativamente mais curtas e menos complexas do que as de qualquer outro candidato. Este estudo sugere que Trump usa baixa legibilidade e simplicidade de linguagem como uma estratégia retórica para ganhar popularidade, de acordo com a tendência do anti-intelectualismo.

Pois bem, anti-intelectualismo é um conceito chave nos dois cenários aqui analisados - Trump e Bolsonaro - segundo a Wikipedia:

Anti-intelectualismo descreve um sentimento de hostilidade em relação a, ou suspeição de, intelectuais e seus objetos de pesquisa. Isto pode ser expresso de várias formas, tais como ataques aos méritos da ciência, educação, arte ou literatura.

Outro autor  é bastante elucidativo sobre o estilo do discurso trumpista:

Talvez a ferramenta mais poderosa usada por Donald Trump seja a simplicidade. Ele usa palavras comuns, frases simples e argumentos lógicos básicos.



E o Bolsonaro? Bom creio ser bastante possível fazer um paralelo sobre o discurso de Bolsonaro e o de Trump, ainda que no meu entendimento a simplicidade de Bolsonaro seja majoritariamente acidental, enquanto a de Trump é proposital, nas palavras do próprio argumentando a respeito:
“Eu estou dizendo a você, eu costumava usar o termo 'incompetente', agora eu uso 'estúpido'. Eu frequentei uma Universidade da Ivy League. Eu sou altamente educado. Eu conheço palavras. Eu tenho as melhores palavras. Mas não há palavra melhor do que 'estúpido'. Certo? Não há nenhuma! Não há nenhuma!"
Com esse tipo de simplicidade Trump e Bolsonaro falam à grande massa da população e são alçados a posição de destaque no respectivo cenário politico. 

Vejamos a simplicidade de Bolsonaro em ação em um video curto:


Notem a fala lenta e repleta de termos simples, em muitos momentos expressões são expostas de modo "solto" no discurso.

Mas... o que eu sei, essa é uma simples observação de minha parte, você pode ou não concordar com minha análise.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Eleições 2018: Maia, Manuela, Rabello e Geraldo


Hoje o "Correio Brasiliense" exibiu através de seu site, sabatinas com 11 pré-candidatos a presidência. Assisti algumas delas, vejo entrevista até de candidatos que odeio para entender suas posições.

Algumas ponderações sobre entrevistas que eu tive tempo de assistir:


Rodrigo Maia


“Nós não podemos aceitar que a Câmara dos Deputados se transforme num cartório carimbador de opiniões de parte da sociedade,(...). Nós aqui não somos obrigados a aprovar tudo que chega a este Plenário.”

- Rodrigo Maia para "O Globo" — 2 de agosto de 2017

Possivelmente o pior candidato. Se o pai desse cara não fosse cacique politico, sem dúvidas um incompetente como este nunca chegaria a presidência do Poder Legislativo Federal. Isso é Brasil.

Me chamou a atenção um trecho da entrevista em que o mesmo menciona algo como a Petrobrás não deve atender somente aos interesses dos acionistas da Estatal - até 49% das ações -, mas atender a sociedade como um todo - algo assim, não me lembro exatamente as palavras nem tenho estomago para rever o Maia falando, já tive minha dose de idiotice por um dia. Ora, se a politica de preços prejudicar o lucro dessa sociedade de economia mista - da qual o Estado (Nós) é dono de pelo menos 51% das ações - quem sai perdendo é a sociedade como um todo, que perde verba que poderia ir para outras areas. Desnecessário dizer que os mais prejudicados nessa brincadeira serão justamente os mais pobres, os quais o Estado tenta desastrosamente ajudar.

O engraçado é que instantes depois de nos brindar com essa bobagem  o camarada vem e diz ser "liberal", com certeza alguém da assessoria dele o fez falar isso para ganhar uns votinhos, parece que se dizer liberal hoje em dia está na moda, mas na prática politicos profissionais como Maia continuam mamando nas tetas estatais.

Manuela D'Avila


Outra candidata desastrosa, como se não bastasse ser filiada ao PC do B. Pode parecer argumentum ad hominem de minha parte, mas tenho que dizer, pesquisei a biografia da mesma impulsionado pelo fato dela aparentar ser bastante nova (36 anos), então resolvi procurar pelo currículo dela. Não deu outra, alguns pontos chave segundo a Wikipedia:

Manuela Pinto Vieira d'Ávila nasceu em Porto Alegre em 18 de agosto de 1981.[1] É filha da juíza Ana Lúcia e do engenheiro Alfredo d'Ávila.
É formada em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Nas eleições municipais de 2004, foi eleita vereadora de Porto Alegre com 9 498 votos, ou 1,19% dos votos válidos, tornando-se a vereadora mais jovem da história do município [de Porto Alegre].

Após foi Dep. Federal.

Moral da História, Manuela não possui experiência profissional com absolutamente nada a não ser com o carreirismo politico. Nascida em berço de ouro, como todo bom e velho comunista.

Surpreendentemente ficou em segundo lugar na eleição para o executivo de Porto Alegre no ano de 2012. Os porto alegrenses deviam estar bêbados quando a colocaram com medalha de prata, ainda que muito atrás do primeiro colocado, me lembrou o caso do Freixo aqui no Rio, que foi massacrado pelos Paes quando disputou a prefeitura anos atrás.

Paulo Rabello de Castro


Candidato bastante apagado, filiado ao PSC. Não o conhecia, foi presidente do IBGE e do BNDES. Só gostaria de destacar que tive uma agradável surpresa com ele, parece um homem competente com algumas ideias interessantes, vale a pena saber mais sobre o mesmo, embora sequer tenha sido incluído nas ultimas pesquisas eleitorais. 

Discípulo de Roberto Campos, espero que não desista da corrida presidencial por conta dos maus resultados nas pesquisas, aparenta ser um ótimo candidato.

Geraldo Alckmin


Não muito a falar sobre este aqui, velho conhecido do eleitorado e possivelmente um dos candidatos mais facilmente reconhecidos desta corrida eleitoral, razão pela qual detém certa vantagem sobre alguns candidatos realmente bons. Essencialmente a caricatura de um demagogo. 



Resumo da Ópera, é dada a largada eleitoral, concurseiros e concursados, vamos acompanhar de perto, afinal o Estado é nosso patrão e é diretamente interessante para nós que ele seja bem gerido e que prospere bastante. 

Aquila non capit muscas