segunda-feira, 29 de março de 2021

O pior dispositivo da Reforma Administrativa

 Como bem sabemos, está tramitando no Congresso Nacional a PEC de número 32, mas conhecida por PEC da Reforma Administrativa, assinada por ninguém menos que Paulo Guedes, alguém que não entende absolutamente nada de administração pública -- e não sei nem se entende de Economia, tendo em vista que se mostrou ser um ministro  pior que Guido Mantega, mas isso é assunto pra outra hora.

Muitos pontos da reforma são dignos de critica, mas este um trecho em especial que é um verdadeiro desastre.

Não, não me refiro aqui ao fim da estabilidade previsto pras carreiras não tipicas do Estado, embora seja um este um alvo de muitas críticas.

Me refiro ao seguinte texto, por favor, leia a passagem e atenha-se ao que grifei em negrito e tente deduzir ao que me refiro:

(...) II-A - a investidura em cargo com vínculo por prazo indeterminado depende, na forma da lei, de aprovação em concurso público com as seguintes etapas: 

a) provas ou provas e títulos; 

b) cumprimento de período de, no mínimo, um ano em vínculo de experiência com desempenho satisfatório; e 

c) classificação final dentro do quantitativo previsto no edital do concurso público, entre os mais bem avaliados ao final do período do vínculo de experiência; 

II-B - a investidura em cargo típico de Estado depende, na forma da lei, de aprovação em concurso público com as seguintes etapas: 

a) provas ou provas e títulos; 

b) cumprimento de período de, no mínimo, dois anos em vínculo de experiência com desempenho satisfatório; e

c) classificação final dentro do quantitativo previsto no edital do concurso público, entre os mais bem avaliados ao final do período do vínculo de experiência;

Ora, muitíssimo desnecessário dizer, pelo menos para quem conhece administração pública e a cultura laboral brasileira de modo geral, que essa tal avaliação ao longo do chamado vinculo de experiência seria um total desestre, de modo que favoreceria questões de cunho pessoal em detrimento de aspectos estritamente técnicos.

De modo que essa tal avaliação teria aspectos inerentemente subjetivos que favoreceriam, por exemplo, servidores mais bem relacionados e não necessariamente de maior qualidade técnica, vide o que ocorre hoje no setor privado brasileiro.

Sendo assim, uma avaliação somente seria justa com cargos que pudessem ser avaliados com parâmetro puramente objetivos, qualquer coisa além disso não daria certo.

Concursos públicos de provas, ou provas e títulos, por exemplo, são formas de avaliação puramente objetivas, selecionam os melhores.

Desnecessário dizer que a qualidade do serviço público brasileiro cairia muito com essas avaliações subjetivas, de modo que o peso politico na avaliação seria muito grande.

Não acredita? Olha como a esmagadora maioria dos cargos em comissão são nomeados hoje em dia, veja se a maioria é composta por profissionais qualificados.

Ou se atenha a concursos que possuem critérios mais, digamos, curiosos em sua seleção, como os de docentes de universidades públicas e tire suas próprias conclusões...

Bom, isso é o que diz o texto original, de Guedes, ainda vai passar pelo congresso, sofrer emendas, pode melhorar, mas pode piorar...

Reforma incluindo fim dos cargos comisisonados de cabide, ninguém quer.



sexta-feira, 26 de março de 2021

Concursos na pandemia: Panorama geral

 No ultimo post escrevi sobre o processo seletivo do IBGE, contudo está semana, já li por alto na imprensa que que o governo já cortou cerca de 90% da verba para o censo 2021 (que deveria ter sido realizado em 2020), o que torna, muito possivelmente, o trabalho inviável e consequentemente o processo seletivo talvez acabe sendo  suspenso.

É o momento pelo qual passamos.

Nos últimos meses, tivemos muitos episódios de provas de concursos já marcadas sendo suspensas por conta da pandemia, li pelo menos sobre um episódio, o do concurso para polícia civil do Paraná que foi suspenso aos 45 do segundo tempo, em plena madrugada anterior a prova. Imagina só, gente que se deslocou para prestar a prova, vindo de outras cidades, ou mesmo de outro estados, desembolsando dinheiro e tempo para se deparar com uma prova que não houve.

Os concursos estão extremamente escassos, a ultima vez que fiz um foi em 2019 e foi o único que fiz naquele ano, em 2020 não fiz nada, e pelo andar da carruagem, duvido muito que pinte alguma coisa em 2021, especialmente neste primeiro semestre, no qual creio já ser possível descartar a esperança de algum edital interessante.

Ainda temos o fantasma de uma reforma administrativa bizarra elaborada por gente que não entende nada de administração pública (Paulo Guedes), pairando sobre o congresso,  que, se aprovada como está, traria critérios subjetivos a seleção, levando claro a politicagens e favoritismos pessoais, isso é bastante óbvio para quem não é ingênuo e conhece um minimo sobre a cultura brasileira.

Os concursos somente voltarão normalizados então com o fim da pandemia, o consolo é que talvez venham em maior números, afinal estarão acumulados após um período tão longo parado.

Medidas extremas se fazem necessárias então.

Hoje escrevo deitado na rede de casa, começo um feriadão de 10 dias conforme lei estadual aqui do RJ.

A pandemia precisa ser contida o mais rápido possível, especialmente para salvarmos vidas, para reaquecermos a economia e também para impedirmos que a situação piore (eventual surgimento de variantes mais perigosas). E, para nós concurseiros e para o bem da Administração pública, que os concursos retomem, de preferência não regulamentados por uma reforma bizarra como aquela que entrou no Congresso.

É o que precisamos em um mundo ideal.





domingo, 21 de março de 2021

Processo seletivo do IBGE deve vir "pegado"

 O IBGE lançou alguns editais para provimento de cargos temporários para realizarem o Censo 2021. Vou fazer este processo? Evidentemente que não, não posso acumular com o meu cargo efetivo, mas, como entusiasta do esporte concurso público que sou, não posso deixar de notar que está prova deve vir disputada.

Há muitas vagas, é verdade, mas o percentual de desemprego no país atualmente está altíssimo, portanto, muito provavelmente estes cargos temporários do IBGE devem atrair muita gente desempregada.

Recomendo este cargo para concurseiros experientes que seguem a estratégia Carreira de concurseiro, muito preconizada neste blog? Somente se o concurseiro em questão estiver desempregado e ficar uns meses como temporário do IBGE não comprometer os estudos para cargos mais sérios. Faça uma reserva de caixa muito modesta com essa parca remuneração e posteriormente volte a se dedicar exclusivamente aos estudos, já tendo uma reserva para pagar eventuais despesas emergenciais.

Agora, se você já for concursado, ainda que em um cargo que pague menos que o do IBGE, então, não recomendo que faça este processo seletivo, afinal, depois de passado o prazo temporário do IBGE você terá aberto mão de seu outro cargo e ficará desempregados e, meus amigos, eu que já passei por isso, digo que ser concurseiro desempregado gera um estresse muito grande, sendo preferível ser concurseiro já empregado em um concurso básico, nem que seja um de salário minimo.


Em tempo: Há alguns anos escrevi sobre outro processo seletivo do IBGE, muito do que falei na ocasião vem a calhar para este processo de 2021 também, confere aqui!


Aquila non capit muscas