domingo, 5 de fevereiro de 2017

A vulnerabilidade do comissionado

Sou atualmente ocupante de um cargo efetivo em uma prefeitura municipal aqui no RJ. Como concursado no poder executivo municipal testemunho algo que pode ser muito irritante e frustrante de ser verificado quando se é um entusiasta de concursos públicos e da eficiência no setor público como eu o sou: alto número de funcionários comissionados, que ultrapassa o número de cargos efetivos.

Se você não está familiarizado com os cargos comissionados do serviço público, saiba que tratam-se de verdadeira praga presente em todos os poderes nos níveis municipal, estadual e federal. Embora eu ache que  a nível municipal na administração direta a situação seja pior, já que o administrador - agente politico - não possui escrúpulos em entupir a administração com seus partidários que em sua maioria, para todos os efeitos, não realizarão função alguma a não ser assinar a folha de ponto. Tratam-se em sua maioria de funcionários incompetentes, que geralmente não possuem outra aptidão que não seja lamber o sac* de políticos.

Um tremendo desperdício de dinheiro do povo, uma chaga terrível para a administração pública no Brasil que precisa ser combatida com urgência.

Pois bem, mas estou perdendo o meu foco aqui, na verdade gostaria de relatar algo que testemunhei recentemente, na passagem do ano 2016 para o ano de 2017, houve uma troca de prefeito, um candidato de oposição assumiu, e o que fez logo no primeiro dia de efetivo exercício? Exonerou absolutamente todos os funcionários comissionados. Aí você deve pensar, beleza, exonerou estes funcionários e aproveitou para extinguir 90% desses cargos, que não mais são que cabides de emprego, certo? Errado, os cargos foram mantidos e preenchidos com partidários do prefeito recém eleito.

O fato é que apesar de tudo, não pude deixar de ficar um tanto chateado ao ver que dezenas de funcionários que trabalhavam na prefeitura há mais de 10 anos foram livremente exonerados. Por outro lado, não pude também deixar de constatar a total ingenuidade desses funcionários exonerados, pois trabalharam anos em cargos de livre exoneração, mas não se deram ao trabalho de aproveitar a mamata para elaborar uma reserva de segurança financeira em caso de uma eventual exoneração. Pareciam ignorar completamente a total vulnerabilidade que seus cargos comissionados tinham, acharam que o prefeito "deles" e/ou seus partidários se perpetuariam no poder como um Monarca medieval, pobre nobreza moderna iludida...



2 comentários:

  1. Não muda em nada o comportamento também de quem é concursado. O que mais vemos nos jornais são parasitas estatais dizendo que estão cheios de dívidas e não sabe o que fazer sem seu aposento de 7mil reais. Outros da ativa reclamando porque não tem dinheiro nem para comprar comida. Parece que desconhecem as palavras futuro e poupança.

    Quanto a estabilidade, isto não existe. Na hora que algum deputado cismar as regras do jogo mudam. E mesmo que não mudem podem simplesmente ser descumpridas.

    Vemos isso acontecendo isso todo santo dia nos estados mais falidos da nação.

    Abraços!

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    1. Pobre Sofredor, obg pelos complementos, de fato, meu caro, eu concordo com vc, qlr adulto que se prese deve fazer uma reserva para emergências, inclusive funcionários efetivos do Estado, mas infelizmente nem td mundo o faz, no caso desses funcionários comissionados isso é ainda mais grave, tendo em vista que como cargos comissionados são de livre exoneração, não terão direito a qlr compensação financeira.

      Creio que essa cultura do brasileiro de não saber se blindar financeiramente é nociva para a sociedade como um todo, coloca o Estado babá em ação e cria mecanismos como o FGTS.

      Abraços.

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Nobres leitores, se eu demorar a responder, é porque provavelmente tô fazendo cosplay de eremita e estudando pra concursos.

Aquila non capit muscas