Ok, vou admitir. Eu tenho estado na folha de pagamento do governo por quase toda a minha vida adulta. Como um pai zeloso, o gigantesco Estado brasileiro me alimentou, me vestiu e possibilitou que eu perpetuasse minha honrada bem como sagrada gelada de fim de semana com os amigos. O poder público foi bom para mim.
Trabalhei pouco no setor privado, mas ainda assim pude notar uma série de grandes diferenças na filosofia, mentalidade e supervisão entre os setores privado e público. Ainda assim, apesar de tudo que recebi do Estado, eu me considero defensor de uma economia de teor liberal. Um concurseiro Liberal!? Isso mesmo, permitam-me explicar minha posição.
Além da corrupção em todos os setores da administração pública escancarada graças a Operação Lava Jato, podemos destacar um outro fator que explica a crise econômica que acomete nosso país atualmente: má gestão pública. Me refiro ao total amadorismo demonstrado por nossos governantes nos últimos anos, que não souberam aproveitar a bonança ocasionada pelo boom das commodities dos anos 2000, os recursos financeiros obtidos foram quase que completamente direcionados ao aumento de despesa com pessoal e os investimentos públicos em infra estrutura são quase que nulos. Isso ocorreu no Brasil todo, embora hajam casos de destaque - como a gestão do Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, a qual ocasionou a crise que vemos agora.
Juízes ganham mais de 4 mil reais somente de auxílio moradia, isso é uma completa incoerência para um país que tem uma saúde pública de qualidade ridícula onde muitas vezes faltam os remédios mais básicos. Mas este é apenas um exemplo dentre muitos que eu poderia elencar, um fato que fica claro é que os salários pagos aos funcionários públicos brasileiros são quase sempre completamente surreais, de modo que um servidor público recebe muito mais daquilo que fornece em troca para a sociedade.
Não consigo pensar em outra solução para os problemas do Brasil que não seja a diminuição deste Estado inchado, corrupto e incompetente. Sim, eu sou favorável a uma política econômica liberal por parte do Estado, e ao mesmo tempo sou concurseiro e funcionário público. Seria hipocrisia de minha parte?
De modo algum, eu apenas estou dançando conforme a música, não apoio a forma atual do Estado brasileiro, mas isso não me impede de fazer parte dele, afinal se eu não ocupar meu cargo outra pessoa necessariamente terá de fazê-lo, e quem sabe até essa pessoa possa ser algum funcionário público que não tenha a minha ética no trabalho, que não se esforçaria como eu faço para atender a sociedade, sabe, um daqueles arquétipos que passa a tarde jogando paciência no pc.
Eu procuro ser um ótimo funcionário público, ético e eficiente, porém não é difícil constatar que eu devo ser minoria no meio, portanto o ideal para o Brasil seria optar por um caminho liberal.
A tão falada PEC 241 que se aprovada limitará os gastos públicos nos próximos vinte anos é um ótimo começo como ferramenta de diminuição do gigantismo do Estado brasileiro...
A tão falada PEC 241 que se aprovada limitará os gastos públicos nos próximos vinte anos é um ótimo começo como ferramenta de diminuição do gigantismo do Estado brasileiro...
Por enquanto é só, ainda não sou rico, então sigo na luta nessa minha carreira de concurseiro.
Não acho hipocrisia não. Eu também sou concurseiro e me considero liberal e gostaria que o Estado huehueBR fosse menor. Na minha visão, o estado deveria cuidar apenas de saúde, segurança, educação e fiscalização. Agora, fica meio complicado defender redução de estado e trabalhar em empresa pública, mas no fim das contas depende de como você encara o seu trabalho.
ResponderExcluirLafa, com todo o respeito, sua argumentação aqui possui um problema de lógica, trata-se de uma falácia de sua parte.
ExcluirOra, o que o MI Nerd disse acima, gastar "apenas" (talvez uma má escolha de palavra, dentro do contexto de magnitude representado na realidade por estas demandas) com "saúde, segurança, educação e fiscalização", eliminando outras funções que ele considera facultativas ou mesmo completamente desnecessárias para o Estado. Eliminando tais funções, o Estado fica menor sim, embora não "pequeno", como vc disse, mas fica definitivamente MENOR, desta forma, o argumento do MI é válido, aind aque vc não concorde com ele.
Ah, li recentemente um post excelente sobre o mesmo tema: http://kleitongoncalves.blogspot.com.br/2017/01/servidor-publico-liberal-vs-servidor.html
ResponderExcluirCom certeza MIN, basta encarar o trabalho com seriedade. Esse texto está muito bom mesmo, eu já o havia lido, gostei tanto que inclusive acrescentei o blog de origem no meu blogroll
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