segunda-feira, 14 de novembro de 2016

O perigo da zona de conforto para um concurseiro


Como meus pais não são ricos eu não posso depender deles para me sustentar durante anos para que eu possa ficar apenas estudando para passar em concursos picas da Galáxia, que paguem mais de 10 mil mensais, desse modo eu tenho um plano de vida bem simples enquanto concurseiro: ir estudando aos poucos, ganhando experiência, trabalhando em cargos públicos que não pagam muito bem mas que me possibilitem estudar para outros cada vez melhores, daí o nome do blog "Carreira de concurseiro". Sem dúvidas eu não sou a única pessoa na História dos concurseiros a traçar essa estratégia.

Mas aí pode surgir um dilema no meio do caminho, me refiro ao fato de que alguns concurseiros passam em concursos medíocres, que pagam menos que 4 mil mensais, mas se acomodam, param de estudar em busca de novas oportunidades e resolvem ficar a vida toda no mesmo emprego medíocre. Isso senhores é simplesmente deprimente - além de ser um estilo de vida muito chato.

Posso dar uns exemplos que conheço pessoalmente para ilustrar melhor o que eu quero dizer. Tenho uma amiga (vamos chamá-la de Carol) que é assistente administrativa em uma faculdade publica estadual - a UERJ - empreguinho tranquilo, apesar de não paga muito é o suficiente para ela se manter, já que não tem família para sustentar, porém é claro que está longe de ser o melhor que o serviço público pode oferecer, não é o emprego dos sonhos da Carol (ainda bem). Ela já trabalha la há uns oito anos, nesse meio tempo concluiu um mestrado e iniciou um doutorado - ela já era graduada quando começou no emprego, além disso ela segue estudando e prestando outros concursos melhores. Como podem ver a Carol não é acomodada, mas os colegas dela - que passaram no mesmo concurso da Carol - são, outros assistentes administrativos, almoxarifes e demais ocupantes de cargo de ensino médio na mesma instituição que a Carol nunca mais estudaram depois que passaram no concurso, se acomodaram em uma zona de conforto da qual aparentam não planejar sair.

Nesse ponto eu lhes pergunto, caros leitores, o que leva uma pessoa a ficar acomodada num emprego medíocre que chutando alto não deve pagar mais do que 4 mil mensais? Eu não criticaria os colegas da Carol se tentassem e falhassem, mas o que me deixa extremamente puto é ver caras com um emprego tranquilo, o qual lhes proporciona tempo livre - além de estressar pouco - abrindo a possibilidade de estudarem para concursos melhores. Como alguém pode se acomodar tão fácil? Eu tenho um amigo que é acomodado sendo escrivão da polícia civil, mas ainda posso entender, agora assistentes administrativos de uma facul estadual? Será que eles estão satisfeitos com o que atingiram? Acham que alcançaram todo o seu potencial? Não da pra entender, é simplesmente decepcionante, para não dizer revoltante.

Bom, eu não estou desdenhando desse tipo de emprego da Carol, somente quero alertar que ele deve ser apenas utilizado como transição e não como ponto final de uma carreira de concurseiro.

6 comentários:

  1. Essa acomodação em um cargo ruim ocorre por vários motivos, cito alguns mais relevantes:

    1. A pessoa ficou muito estressada durante os estudos, beirou a depressão, então tem receio de retomar aquela rotina desgastante;

    2. A pessoa é um típico carpem, como a estabilidade de um cargo meia boca já dá acesso a consignados, férias, um salário razoável, financiamentos etc., a pessoa não vê sentido em se esforçar mais pra passar em outro, pois já tem tudo o que lhe parece fazê-la feliz;

    3. A pessoa não almeja nenhum cargo em específico, aí qualquer um basta.

    Quando passei no segundo concurso, nível médio de um tribunal, fiquei acomodado por uns 2 anos no modo carpem antes de retomar os estudos, puts, ainda bem que acordei a tempo! Vou ficar no cargo atual até completar o estágio probatório, então decidirei se busco uma remoção pra um lugar melhor, ou se faço outro concurso.

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    1. Perfeita análise, das três por vc citadas, acho que o número 2 e a situação mais comum de acontecer.

      Grande Abraço!

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  2. Olá Astronauta.
    Eu tenho esse pensamento também. Passar em concursos simples, pra ter uma renda, enquanto se prepara para concursos melhores.

    Eu também sou servidor público. Entrei primeiro numa empresa pública, ganhava cerca de 1300,00. Estudava focado para o concurso que queria de fato. Aí, nesse meio tempo fui chamado pra o tribunal de justiça do meu estado. Estava na lista de espera tinha um bom tempo. Fui ganhar uns 2700,00 por mês. Mas o trabalho era chato, mecânico, monótono, e eu já tinha passado no cargo que queria enquanto estava ainda na empresa pública, mas demorou para me chamarem.

    Quando finalmente tomei posse no cargo que ocupo hoje, eu finalmente descansei de concursos.

    Porém a realidade da corrida dos ratos bateu na porta pouco tempo depois. Já estava achando meu salário pequeno. Fiz dívidas, e queria viver melhor. Passei então a buscar concursos melhores e comecei estudar.

    Hoje ganho entre 8.000 e 10.000 mensais. É um ótimo salário, mas eu queria ganhar 20! A famosa Lei de Parkinson, quanto mais se ganha, mais se gasta.

    Acontece que hoje me encontro num estado de zona de conforto. Depois que aprendi me equilibrar financeiramente, vi que meu salário atual dá pra viver bem e ainda investir. Não é tão necessário assim os 20 mil que eu queria. Mas aí me pergunto todo dia se me acomodar no cargo atual é algo bom. Gosto do meu trabalho, mas penso que seria bom ganhar o dobro.

    Hoje estou num momento de reflexão. Não consigo mais estudar por enquanto.

    Acho que no meu caso, os motivos 01 e 02 acima citados, são bem minha cara. Estou bem traumatizado de tanto que estudei rsrs

    Ótimo blog

    Abraços

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    1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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Nobres leitores, se eu demorar a responder, é porque provavelmente tô fazendo cosplay de eremita e estudando pra concursos.

Aquila non capit muscas